sexta-feira, 11 de julho de 2025

Cena LXXXI (Uma história de amor)


A última vez que ela viu ele, foi no status que ele postou no aplicativo de conversa

Ele estava com uma morena de olhos verdes e lábios carnudos

Ficou lívida...

Aguardou ele entrar em contato para esclarecer...

Mais os minutos se tornaram em horas torturantes

Ela se manteve firme em seu pensamento, tentou focar no serviço, mais se pegou olhando o celular a todo tempo

As horas... se transformaram em dias e sua indignação em fúria constante... Fora trocada...

Os dias viraram meses... Onde a foto dele sumiu do perfil... Neste dia ela chorou muito e deu por encerrado o relacionamento. Sem brigas... Sem justificativas...

Os meses viraram cinco anos... E sua amiga curiosidade fez olhar o contato que não havia excluído e nem deletado...

Lá estava a foto de um senhor com idade avançada. Resolveu ligar e a explicação fora que tinha adquirido o número a pouco tempo

Certo dia estava na plataforma esperando trem, encontrou uma amiga que a muito não via, conversaram sobre diversas coisas até que a amiga curiosidade mais uma vez retornou

__Tem notícias do Romeu? Ele me trocou por uma garota e nunca mais conversou comigo. Fez cara de triste...

__Julieta, você anda bebendo??? (cara de surpresa)

__Claro que não, mais só um pouquinho (risos)

__Como era essa garota aí que você tá falando???

__Morena, olhos verdes, lábios enoooooormes (fez um bocão e rio)

__Cara você bebe, certeza!!! Como o Romeu é???

Julieta parou... Refletiu... Exato os mesmos traços dele...

__Dãããã a mina era a irmão dele (esboço um sorriso)

Julieta engoliu a seco aquilo

__O mais trágico disso garota é que nesse dia ele sofreu um acidente de moto. Morreram os dois. Pelo que contam, ele estava indo a sua casa te pedir em casamento. E você nem teve a decência de ir no enterro, lamentável (balançou a cabeça em negativa)

No fundo se ouvia a proximidade do trem chegando na plataforma... Julieta sentiu uma dormência nas pernas... Uma sonolência muito estranha... Ouviu sua amiga gritando, nãããão, mais parecia tão distante... E caiu, caiu, caiu, o som do trem vindo, vindo, vindo e a voz da amiga cada vez mais distante...

Quando acordou estava em um jardim. Sentou-se... Do seu lado estava ele, Romeu!!!

__Porque demorou tanto meu amor...

Foto de T. Look
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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Cena LXXX (O Jogo)


Ela havia organizado suas bolas de forma consciente nos quadrantes da mesa, os olhares se dirigiram a ela... Pegou o giz e acariciou a ponta do taco até ele ficar bem azul... O Público curioso fazia já um burburinho no salão

De repente a música parou, as conversas pararam, o tempo parou!!!

Ela fixou a bola no centro da mesa, com o taco na mão mirou a bola que estava encostada na boca central, bateu com a força necessária para sua bola bater na adversária e arremessa-la para a boca central do outro lado da mesa, ela deslizou até sumir pelo orifício...

Um pequeno garoto, puxou a mão do pai que se abaixou, o pequeno lhe falou ao ouvido: Para onde vão as bolas??? O Pai sorriu sem dar resposta, fortes aplausos abafaram qualquer possibilidade de diálogo naquele momento

Ela impassível, não perdeu o foco, mirou na bola seguinte que foi parar bem na boca da quina subsequente

Ele estava num canto apenas observando, tinha um ar de mistério e um sorriso introspectivo. Passou o giz no corpo do taco e o azul na ponta. Sabia que tinha uma bola quase morta na boca da caçapa, era essa sua missão, antes de atacar se defender. Fez a mira na bolinha agressora, de forma que a sua pouco se moveu e a de sua adversária foi parar no outro extremo (ela não sorria)

Ela sorveu a latinha, observou a mesa, planejou. Fez um tacada na bola que estava perto da quina a direita, a mesma deslizou até cair nessa boca. Novo alvoroço no salão, aí já estavam 5x3 na mesa e ele sem esboçar reação alguma

Internamente ele se sorria grandemente, pois sabia o que as mentes pensantes produziam, ele conhecia o ser humano profundamente. Se perdesse seria um grande “pato”, se ganhasse seria algo normal, mais um cara ganhando de uma garota. No fundo a maior diversão dele era ter esse poder de conhecimento. O jogo para ele era apenas um pretexto para estar acompanhado da bela dama, não havia ali por parte dos dois, nenhum tipo de desafio, apenas um passa tempo, um treino de habilidades. Ele a observava em todos seus passos, gestos, feições, pensava que se aquela noite fosse a último de sua vida, teria morrido feliz, mais logo em seguida corrigiu esse pensamento, pois ainda tinha muito o que viver!!! 

Ela se utilizou da mesma bola para avançar para outra que avia deslizado para quina inferior esquerda, a mesma bateu no canto da mesa sem esboçar possibilidade de perigo

Ele usou a mesma bola e deu a taca na bola agressiva que bateu no canto da mesa fazendo a bola amarela cair na boca central oposta com sonoridade

Os machistas de plantão adorarão a reação, as mocinhas acharam uma pena, os demais ficaram na expectativa do desfecho. Ele jogou alcançando a bola da ponta da mesa adversária, bateu e retornou até se posicionar centralmente

Ela olhou a mesa 4x3 uma bola central, uma outra mais à frente, e a da última jogada perdida no meio, seria essa a próxima vítima, mirou nela pois já tinha destino certo, não deu outra... Aplausos. Ela se manteve compenetrada... Avançou para a bola central do lado esquerdo que esnocou na sua parte da mesa

Ele ficou preso na boca da caçapa sem poder visualizar bola alguma, teria que dar um tiro a esmo, ver se por sorte tocaria em alguma das 4 bolas restantes... Expectativa... Ele formal e gélido se dirigiu frente a bola, olhou nos olhos dela, foi aí que se deu a conexão... o enigma que ninguém sabia, a não ser eles... suas cumplicidades...

Ele simplesmente com a mão empurrou a bolinha para dentro da caçapa, os dois esboçaram um leve sorriso. Os demais??? Uns o acharam covarde, alguns ficaram sem nada entender, as meninas davam gritos de vitória, muitos preferiram beber e viraram as costas

A situação estava 4x1, ela buscou a bola que estava parada na ponta da mesa do adversário, ela deu um passeio pela mesa toda indo para no seu campo onde suas bolas ainda se mantinham bem fixas nas bordas da mesa

Ele tinha a seguinte situação, duas bolas na ponta da mesa, uma na central direita e a bola agressiva no seu campo de jogo, fez mira na bola central a direita com a força necessária para ela morrer na boca central esquerda, em seguida sem muito sucesso buscou a bola agressiva

A configuração estava em 3x1 onde a bola azul estava predisposta a cair no canto superior direito, a bola amarela fazia em relação a azul um ângulo de 130 graus, Ela mirou com convicção, bateu com força, e a bola explodiu na caçapa, assim como os aplausos que se seguiram

Ele complementou Ela, se abraçaram... Chamaram o garçom pediram a conta e pagaram. Se perderam na noite para um outro jogo...


Foto de T. Look
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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Cena LXXIX (O Poeta e a Musa)


A porta se abriu repentinamente
E es que atras dela surgiu o poeta
Surpresa ficou sem fala!!!
Ele parecia o mesmo de sempre
Houve um hiato imenso de silêncio
Em que o mundo parou em um tempo interminável
Ela não moveu nem um musculo, parecia feita de cera
Ele lhe sorriu e pareceu lhe que o tempo não havia passado nunca
Seu coração acelerou, parecia que iria lhe sair do peito
Ele perguntou simples e objetivo: Tem água
Ela se levantou abruptamente de um salto
Foi a cozinha, pegou um copo e encheu o até a boca. No caminho ela deixou um rastro de seu crime
Entregou lhe o copo
Ele sorveu o liquido lentamente
Ela olhava para o relógio
Tic tac...
Aiiii o tempo...
Aiiii os vizinhos...
Com certeza haveriam comentário
O Poeta em sua porta!!!
Mais ponderou...
Ele estava apenas tomando um copo d água
Que mau existe em se dar um copo d agua a quem tem sede
Mas os vizinhos...
Essa espécie rara que a tudo comenta. E para seu temor, aumenta
Parecia que aquele copo d água nunca acabaria
E na verdade ela ansiava isso ardentemente
Ai as horas...
Quando se deu conta o copo estava em suas mãos novamente
Ele lhe sorriu novamente, ou nunca tinha parado, ela não se lembrava...
Arrumou o óculos com a ponta do dedo e em seguida seu chapéu
Agradeceu e disse que retornaria em uma melhor hora, virou se e subiu a rua
Ela em vão tentou dizer algo
Mais não conseguia articular palavra alguma
Mais guardou em seu rosto um sorriso e a promessa de que ele

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Cena LXXVIII (epopeia)


Você é minha história
Com uma preliminar...
Um começo...
E um meio no meio do seu ser
Sem um fim!!!
Geralmente histórias tem um fim
Mais está sempre fugiu a todo tipo de regras
As regras são chatas
E declaramos de antes mão
Quando as mãos se perdiam aqui e ali
Isso ainda foi nas preliminares...
Que não existiriam regras
Apenas a fluidez incessante
Também não existirão cobrança
Pois para isso já existia o erário incansável
Que cansava por demais nossas contas bancárias
Queríamos apenas o céu, uma mesa, cadeiras e cerveja gelada
O relógio sempre tentou nos atrapalhar
Mais teimosos sempre retornávamos ao inicio
Como um looping infinito e harmonioso
E o fim???
Ah sim,
Todos temos ciência sobre o fim
Apenas não pensamos nisso
Que ele chegue um dia como um furacão
E nos tome tudo, até as roupas do corpo
Mais teimosos sorriremos
E de mãos dados partiremos para outro plano
Demonstrando a todos
Que o fim é somente para os que deixaram de acreditar...

imagem: sua imaginação

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Cena LXXVII (conexão)


Eu estou atrás da porta
Da porta de meu roteador
Fico ao redor observando sua tez
Esperando sua vez de me falar
Com palavras ou com o olhar
A conexão é uma sessão
Dura o tempo de se estar
A química à distância vivencia
Momentos de prazer ou de dor
Que as vezes guardamos em um HD
Ou em um pendrive ou na nuvem
Nuvens as vezes se dissipam e somem...
Por vezes abrimos os arquivos parar recordar
Em momentos de raiva deletamos sem pensar
Depois, mais tarde, arrependidos
Procuramos desesperadamente um programa
Para que este cálido arquivo, possamos recuperar
Temos a impressão de que nossa mente é gasta
E já não sabe mais estes processos operar
Mais é tudo uma profunda ilusão
Porque o que se guarda no coração
Bem guardado esta
Eu ainda te observo pelo vão da porta
Mais já é tarde e a lua sobe alto
Então fecho a porta
E sussurro um até logo...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Cena LXXVI (tédio)


O que aconteceu no limiar da vida???
Você estava de frente a porta e me sorria...
No entanto, a porta não se abria
Era tédio ou afasia???
Fazia um calor intenso
Era tarde... Meio dia...
(...) agora deu cansaço
talvez por conta do mormaço
me desfaço...
depois volto
escrevo mais...
mais...
escrevo aos anônimos que não veem
não falam
não gemem
mais sentem
mesmo que por um calado instante estando
parado... estático
estado de inércia soturno
Eu queria de fato
No meio deste Enfado Profundo
Ver o seu sorriso mais Rotundo
E se eu me apaixonasse por um semblante?
E com todo desplante
Planta-se sua tez em minha mente!!!
Uma semente...
E se eu me apaixonasse pela ideia
De ser mea culpa
De minha mente
Criar o vulto suntuoso de sua presença
A semelhança viva de um ser único
Que fez presença em um tempo
O qual o vento levou...
Bóreas leva,
Porém traz de volta...
As vezes...
Nem sempre
Então fico ‘melodramando’
Um drama aparente e latente
Onde nunca a mente fica dormente
Apenas ecoa de tempos em tempos
Sua cálida presença...

imagem site medium -  Photo by Aaron Burden on Unsplash

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Cena LXXV (delírios)


Você se contagia
Então vai tomar um banho...
E deixar a água cair sobre sua cabeça
Descer pelo pescoço
Alcançar a barriga
Se perder pela virilha
A carne nua tua
Tua carne nua minha
Sentes o arrepio...
Deveras do pensamento...
Que ardia ardido no âmago de teu ser...
Teu ser tolhido, tórrido, intenso
As obscenidades que saem da mente
Latente…
Quente…
Carente…
Quase como um gozo...
Mais tarde à luz da lua
Foi de propósito quando, você de saia curta
Moveu de leve as pernas para os lados
E eu afoito, quase perco os olhos de minhas orbitas
Tentando penetrar no íntimo seu
O perfume pairava no ar
E a noite estava apenas começando...