quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Cena LXXII


Você ria alto
Com seus convidados
Na sala invadida
Sai silencioso de sua vida
Pela porta de entrada
Que me serviu de saída
La fora a alva se abria
Fim de noite, ninguém sabia
No peito tinha algo que não me cabia
Era a angustia, sei lá, algo que me dava azia
Quando cheguei na praça, ela estava vazia
O galo cantava, era quase dia
E uma paz serena, minha alma sabia!!!

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Cena LXXI (Diz, cussão)



A angústia pontuada
Apontada
Dilacerada
Nua
Crua
Desnuda
Tua
Eu entrei pela porta da frente
Você saiu pela de trás
Eu corri para te alcançar
Tarde de mais..
Á tarde distraído
Tropecei no debate
Inciso
Incêndio
E me choquei de frente com você
Você ficou chocada!!!
Abalada...
A alma deflorada...
Eu tentei uma explicação
Mais fiquei sem ação
Sem respiração
Tá-qui-car-dia
Tardia
Seu corpo foi arremessado
Do outro lado da cidade
Eu passivo...
Assisto a tudo isso
Sentado na guia da calçada
A cabeça segurada pelas mãos
Ainda me pergunto
O que foi aquilo???

foto site medium - “homem destruindo para se encontrar” de Susano Correia.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Cena LXX (Boca)



A boca fala te amo
Mesmo às vezes sem som nenhum emitir
A Boca na boca
A Boca na orelha
A Boca no ouvido
E a boca a descer...
Escorrega,
Lisaaaa...
Deslisaaaa...
Liga
A boca de cima
Com a boca em baixo
Tudo certo encaixo
A boca nas coxas
A boca nas costas
A boca nas nádegas
Nada a declarar a boca diz

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Cena LXIX (Distância)



Antes eu te sufocava com meus beijos
Tirava-lhe o ar, as vezes só com o olhar
Depois você mediu distância de um dedo
Ainda lhe sentia o hálito. Afresco!!!
Em seguida veio a distância de um braço
Raso... Ainda podíamos valsar
Logo veio a distância do sofá
Cada um na sua ponta
Mais a pior foi a do celular
A quilômetros de distância
(Mensagens raras: um bom dia, um boa noite
Fomos indo nas distâncias opostas, até nós perdermos do alcance
Já não estava mais sob sua visão
E a minha veio por escurecer
Parti deste mundo
Você nem soube, nem sentiu!!!
Nosso amor ficou guardado em um pote, de sorte!!!
Para dias de recordações...

foto site medium

quinta-feira, 28 de março de 2019

Cena LXVIII (Começo, meio e fim)



Tantas pessoas
Andando no fio da rua
Eu descortino você
Um vulto a luz da lua
Sexy toda nua
(aos meus olhos)

Vislumbro as nuances
Da tez de sua nuca
E imagino seus fantasmas internos
Que nunca me contou

Eu quis adentrar pelos seus olhos
Mais me abriste seu coração
Porém fugi dele feito um ladrão
De modo tolo, torto
Como quem tinha adquirido algo que não era seu

Na mesa deixei o madrigal
Já era madrugada quando sai
Abri a porta
O hálito quente do verão me assaltou a pele
Desci a rua
Ainda na esperança de ouvir sua voz…

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Cena LXVII (Buraco)



O Rei todo imponente e importante
Atrás dele a grande dama, a Rainha
Logo atrás dela, o audaz, o furtivo
Estavam nesta sequência tórrida o trio
Quando foram interrompidos pela multidão
Que apareceu inesperadamente!!!
O Rei foi lançado a uma grande distância
A Rainha, coitada, quase ao final
Não fosse pela companhia ousada do audaz
Ele se prendeu em sua cintura sinuosa e ali ficou
Depois veio o enrosco do povo
Parecia um baile de Baco
A Rainha foi colocada com os lábios
Na genitália do Rei
E o audaz, claro grudado as nádegas da Rainha
Ménage???
A turba os rodeava, comprimia seus corpos
Depois foram colocados um a um sobre a pista
Em ordem numérica
Por um segundo de fração
A Rainha se sentiu espetada pelo Ás de espadas
Mais logo este lhe saiu da vista
E foi tudo muito rápido
Ás, dois, três...
E lá estavam de novo em ordem inversa agora
O audaz Valete
A nobre Rainha
E o inocente Rei
Estranhamente com um sorriso
Sendo espetado pelo último Ás de espadas
Alguém bateu na mesa, com um sorriso imenso...
___Mil pontos!!!
O adversário nervoso replica...
__Que pica!!! Me dá o baralho. Agora eu embaralho, caralho!!!

imagem da internet