Ela havia organizado suas bolas de forma consciente nos quadrantes da mesa, os olhares se dirigiram a ela... Pegou o giz e acariciou a ponta do taco até ele ficar bem azul... O Público curioso fazia já um burburinho no salão
De repente a música parou, as conversas pararam, o tempo parou!!!
Ela fixou a bola no centro da mesa, com o taco na mão mirou a bola que estava encostada na boca central, bateu com a força necessária para sua bola bater na adversária e arremessa-la para a boca central do outro lado da mesa, ela deslizou até sumir pelo orifício...
Um pequeno garoto, puxou a mão do pai que se abaixou, o pequeno lhe falou ao ouvido: Para onde vão as bolas??? O Pai sorriu sem dar resposta, fortes aplausos abafaram qualquer possibilidade de diálogo naquele momento
Ela impassível, não perdeu o foco, mirou na bola seguinte que foi parar bem na boca da quina subsequente
Ele estava num canto apenas observando, tinha um ar de mistério e um sorriso introspectivo. Passou o giz no corpo do taco e o azul na ponta. Sabia que tinha uma bola quase morta na boca da caçapa, era essa sua missão, antes de atacar se defender. Fez a mira na bolinha agressora, de forma que a sua pouco se moveu e a de sua adversária foi parar no outro extremo (ela não sorria)
Ela sorveu a latinha, observou a mesa, planejou. Fez um tacada na bola que estava perto da quina a direita, a mesma deslizou até cair nessa boca. Novo alvoroço no salão, aí já estavam 5x3 na mesa e ele sem esboçar reação alguma
Internamente ele se sorria grandemente, pois sabia o que as mentes pensantes produziam, ele conhecia o ser humano profundamente. Se perdesse seria um grande “pato”, se ganhasse seria algo normal, mais um cara ganhando de uma garota. No fundo a maior diversão dele era ter esse poder de conhecimento. O jogo para ele era apenas um pretexto para estar acompanhado da bela dama, não havia ali por parte dos dois, nenhum tipo de desafio, apenas um passa tempo, um treino de habilidades. Ele a observava em todos seus passos, gestos, feições, pensava que se aquela noite fosse a último de sua vida, teria morrido feliz, mais logo em seguida corrigiu esse pensamento, pois ainda tinha muito o que viver!!!
Ela se utilizou da mesma bola para avançar para outra que avia deslizado para quina inferior esquerda, a mesma bateu no canto da mesa sem esboçar possibilidade de perigo
Ele usou a mesma bola e deu a taca na bola agressiva que bateu no canto da mesa fazendo a bola amarela cair na boca central oposta com sonoridade
Os machistas de plantão adorarão a reação, as mocinhas acharam uma pena, os demais ficaram na expectativa do desfecho. Ele jogou alcançando a bola da ponta da mesa adversária, bateu e retornou até se posicionar centralmente
Ela olhou a mesa 4x3 uma bola central, uma outra mais à frente, e a da última jogada perdida no meio, seria essa a próxima vítima, mirou nela pois já tinha destino certo, não deu outra... Aplausos. Ela se manteve compenetrada... Avançou para a bola central do lado esquerdo que esnocou na sua parte da mesa
Ele ficou preso na boca da caçapa sem poder visualizar bola alguma, teria que dar um tiro a esmo, ver se por sorte tocaria em alguma das 4 bolas restantes... Expectativa... Ele formal e gélido se dirigiu frente a bola, olhou nos olhos dela, foi aí que se deu a conexão... o enigma que ninguém sabia, a não ser eles... suas cumplicidades...
Ele simplesmente com a mão empurrou a bolinha para dentro da caçapa, os dois esboçaram um leve sorriso. Os demais??? Uns o acharam covarde, alguns ficaram sem nada entender, as meninas davam gritos de vitória, muitos preferiram beber e viraram as costas
A situação estava 4x1, ela buscou a bola que estava parada na ponta da mesa do adversário, ela deu um passeio pela mesa toda indo para no seu campo onde suas bolas ainda se mantinham bem fixas nas bordas da mesa
Ele tinha a seguinte situação, duas bolas na ponta da mesa, uma na central direita e a bola agressiva no seu campo de jogo, fez mira na bola central a direita com a força necessária para ela morrer na boca central esquerda, em seguida sem muito sucesso buscou a bola agressiva
A configuração estava em 3x1 onde a bola azul estava predisposta a cair no canto superior direito, a bola amarela fazia em relação a azul um ângulo de 130 graus, Ela mirou com convicção, bateu com força, e a bola explodiu na caçapa, assim como os aplausos que se seguiram
Ele complementou Ela, se abraçaram... Chamaram o garçom pediram a conta e pagaram. Se perderam na noite para um outro jogo...
Foto de T. Look