terça-feira, 25 de março de 2014

Cena XXXVI - Entrevista com Vampiro (E1: Entrevistadora – E2: Entrevistado)


E1 – Como você se sente sendo uma referência para os outros de sua espécie?

E2 – Veja bem é algo de muita responsabilidade, quando você vê as pessoas fazendo o mesmo que você, ou compartilhando suas ideias. E algo realmente gratificante!

E1 – Fale um pouco sobre sua influência sobre as outras gerações!

E2 – Bom nos primeiros 500 anos achei que era uma modinha passageira...

E1 – E então?

E2 – Então vieram os outros 500 anos e pensei... Bem com o tempo vão se cansar e procurar coisas novas.

E1 – E isso ocorreu?

E2 – Não, não. Mesmo passados estes mil anos, continuaram me seguindo, e mais, divulgando as ideias. A coisa tornou-se preocupante. Pois o aumento de seguidores tornou-se exponencial

E1 – E qual é a maior preocupação?

E2 - É que minhas ideias e atitudes sejam errôneas ou até mesmo mal interpretadas. Um pensamento psicótico já e seria aplaudido, já é o bastante para se tornar um novo Hitler!!!

E1 – Ok! Mas como você mantém as coisas então?

E2 – Tento fazer uma mescla. Manter o que há de bom no tradicionalismo e unir com o que há de bom no moderno. O resulta vem sendo produtivo.

E1 – Explique-me isso?

E2 – Bom antigamente aniquilávamos as outras raças ou infectávamo-las, tornando-as mutantes, uma situação horrível, que nos levou a séculos de perseguição. Hoje meio que caímos no esquecimento, viramos lenda. E podemos saciar nosso prazer e ânsia sem destruição ou disseminação de vírus nenhum. Captamos aquele lado romântico com o liberalismo e nova consciência da globalização. Tornou-se algo sensual e prazeroso para ambos os lados (risos). Gostaria de experimentar?

E1 – Não, não obrigada! (mais risos)

Era uma noite quente em São Paulo, ambos terminaram a entrevista em discreto café no tradicionalíssimo bairro do Tatuapé. Ele tinha uma olhar sedutor e ela um sorriso enigmático que se encaixavam perfeitamente, ao fundo um músico cantava uma canção de Renato Russo (todos os das antes de dormir...), mas o fato é que estavam alheios a melodia, totalmente hipnotizados, um pelo outro que deixaram seus corpos serem levados para longe dali, a alma meio que flutuava na penumbra da noite e foram dar em um Hotel magnífico a alguma quadras dali.

O dia amanheceu, e ela acordou otimamente bem, estava só em uma cama imensa, com uma leve dor no lado esquerdo do pescoço...