quinta-feira, 25 de junho de 2020

Cena LXXIV (encenação)



Mira, a miríade de um olhar
Quando se gesta um gesto cálido
E eu imprudente desato um ato involuntário
Que mesmo ensaiando a entrada e saída
Me atropelo todo e a cortina se fecha
Sem aplausos...
O som gélido do silêncio
O coração parece trava
Nada se move...
Então,
Você...
Sorri!!!
A cortina novamente se abre
Não foi ainda o fim da cena
Você baila suavemente no palco
(o silêncio ainda impera)
E espera a sua atuação
Me dá a mão
E eu inseguro, seguro
Sua energia me transpassa
Um fio, um arrepio, uma emoção
Agora já não me cabe mais medo!!!
A sua coragem se faz minha
Selo meus lábios nos seus
E agora sim, findo o ato
O véu acetinado recolhe-se
Aplausos múltiplos e convulsivos
A cortina se abre para um último aceno
E eu obsceno com a mão em sua parte pudica
O público nada disso vê
Apenas seu sorriso arrebatador
E eu arrebatado por ele, também sorrio insanamente
Na mente um turbilhão
Agora sim a cortina se fecha com o final do ato
E neste instante que desatado o nó
Me faço prodígio e redijo nossa história
Com letras cursivas, cheias de curvas
E eu seguro, seguro sua mão
Partimos então de antemão
Para o pôr do sol
Sem data de retorno...

foto site medium - I Was Searching For Love And I Have Found This - Por - Arnas Augutis.gif